sábado, 26 de dezembro de 2009

Gosto e não gosto

Tenho uma relação de amor-ódio com o natal. No fundo tenho uma relação de amor-ódio com tudo na minha vida. Até comigo. O natal irrita-me, assusta-me. E ao mesmo tempo apaixona-me e reconforta-me.

É bom estar a ver aqueles sorrisos com os quais cresci, é bom estar rodeado daquelas pessoas que tanto amo. A lareira como de costume a estalar, os avôs a dormirem cada um em cada sofá, a avó a olhar para a televisão, sem estar atenta ao que está a ver.
A mãe sempre de um lado para o outro, a tia a ler revistas, o André a brincar com Ju e o pai e o tio a beberem. O costume. E eu? Um "ser estranho" que vagueia por ali. Atento a tudo, preso a nada. O normal.

Mas esta é a parte que gosto. Aqueles hábitos tão piturescos, tão "normais" e que me fazem tão bem. O que me doi? Pensar que um dia não será assim. Que os avôs já não dormirão por aqui, que a avó não olhará para esta televisão, a azáfama já não fará a mãe andar de um lado para o outro e o pai e o tio deixarão de beber. Isso é que me assusta e aperta o peito enquanto levo facadas lentas e profundas.

Mais um ano de promessas de idas à missa do galo, o galo que entretanto envelheceu sem nunca ter a nossa visita. Ainda bem. O bacalhau, esse é que nos visita sempre, como sempre. Gostei de estar com vocês e que para o ano se repita, e para o outro e para o outro e muitos mais. Até pode ser num sítio diferente, com outros sofás, com outras televisões, até mesmo com outro bacalhau, mas com as mesmas pessoas.

Não desejei antes mas digo agora, espero que todos tenham tido, no mínimo, um natal, tão bom e tão acolhedor como o meu.

3 comentários:

  1. Fartei-me de escrever e apaguei tudo.

    Merda po natal.

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  2. Fascinas me com a tua maneira sintimentalista e verdadeira com q escreves ;D *

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  3. Foi bom, minimamente acolhedor, mas estranhíssimo com a falta de certas e determinadas pessoas à mesa, no sofá ou a abrir prendas com sorrisos timidos... Oh, como o Natal nos torna sentimentalistas e saudosistas! Como a familia pode estabelecer um pilar TAO importante na nossa psicose apenas por existir em certos momentos, nuns certos sitios, numas certas posiçoes, com uns certos habitos.

    Ferrero rocher para ti *

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